quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Oportunidade de avanço da eficiência energética no Brasil

Fonte: Energia SP  

Por Cristiano Prado


Brasil - A matriz elétrica brasileira tem mudado de maneira estrutural nos últimos anos. 

A decisão de construir usinas hidrelétricas com reservatórios “pequenos” – ou a fio d’água – buscou mitigar impactos ambientais, mas gerou efeitos colaterais adversos como o declínio da capacidade de regularização de nossos reservatórios e a necessidade de ampliação de geração complementar nos períodos de seca. 

A despeito do relevante esforço brasileiro em expandir a geração eólica e solar, essa complementação é, e continuará sendo por um bom tempo, majoritariamente feita por termelétricas, dada a dimensão de nosso mercado.

Isso é relevante porque as termelétricas emitem muito mais e produzem energia mais cara do que as hidrelétricas. 

Usando dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, por exemplo, pode-se considerar conservadoramente a emissão de cerca de 40 kg de CO2 por MWh no ciclo de vida completo de uma usina hidrelétrica. 

Uma termelétrica a gás, por sua vez, emite 10 vezes mais – algo da ordem de 400 kg de CO2 para gerar o mesmo MWh. 

Se for de carvão, a emissão é 20 vezes superior: 920 kg de CO2 por MWh. 

Em termos de custo de produção, o MWh da termelétrica é no mínimo duas vezes mais caro – novamente sendo conservador na conta. 

A matemática, portanto, é clara: teremos – a priori – que conviver com energia mais cara e mais emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos.

Essa situação, porém, pode mudar – e o Brasil está atuando para isso: ratificou em setembro o Acordo de Paris, logo após China e Estados Unidos também o terem feito. 

No último dia 4 de outubro foi a vez de o Parlamento Europeu fazer o mesmo. Sob a liderança das potências mundiais, os requisitos mínimos de subscrição de 55 países representando 55% das emissões foram alcançados e o Acordo entrará em vigor já em novembro deste ano.

Para superar a barreira do financiamento à eficiência é essencial engajar o mercado financeiro privado.

Os compromissos assumidos pelo nosso país na CoP-21 incluem, dentre outros, a redução das emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e 43% até 2030 e ampliação da parcela de renováveis não hídricos em nossa matriz. Talvez o mais promissor em termos de impacto, porém, seja o de expandir significativamente a eficiência energética no setor elétrico, já que essa ação tem reflexos diretos e imediatos sobre o custo de energia e as emissões: 

a energia mais barata e mais limpa é aquela que se economiza.

A eficiência energética ainda é incrivelmente pouco desenvolvida no país. De fato, segundo o ranking de 2016 de eficiência energética da ACEEE (American Council for an Energy Efficiency Economy), dentre 23 países analisados, o Brasil ocupa a penúltima posição no ranking quando consideradas variáveis como esforço nacional em prol do tema, eficiência em prédios e instalações, indústria e transporte.

Países como África do Sul, Turquia, Tailândia – sem falar dos países desenvolvidos – se encontram à nossa frente no ranking. 

Considerando as dimensões da economia brasileira, é possível enxergar aqui um mercado em potencial a ser explorado, se a principal barreira que o impede de deslanchar for vencida: seu financiamento.

Produzir mais com menos energia é bom para o meio ambiente e bom para o bolso. 

O problema é que, da forma que os projetos de eficiência energética são hoje oferecidos aos compradores em potencial – empresários, industriais, comerciantes – há a necessidade de se investir uma soma muito elevada no curto prazo para obter retorno de longo prazo. 

A realidade do setor produtivo e as características de nossa economia, porém, não permitem que isso ocorra, ainda que o retorno futuro seja comprovadamente excepcional. 

Embora haja bons projetos, pouca coisa sai do papel. E a eficiência energética não avança.

É possível observar que agentes de fomento nacionais e internacionais já estão atentos a essa questão. 

O BNDES melhorou, no último dia 3 de outubro, suas condições de financiamento para energia renovável e eficiência energética. 

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud) e o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), criou um mecanismo de garantia para facilitar a obtenção de financiamento, que já está em funcionamento. 

Ações como essas são de extrema importância e contribuem para o avanço, mas são ainda insuficientes para deslanchar o mercado.

Para superar a barreira do financiamento é essencial engajar o mercado financeiro privado na ampliação do conhecimento do tema, dos ganhos que a eficiência energética proporciona e das características intrínsecas desse negócio. 

É necessário também que sejam criados padrões de contratos, medições e remunerações que possam ser replicáveis, verificáveis e transparentes. 

Com a assimetria de conhecimento eliminada e riscos devidamente identificados e precificados, rapidamente surgirão diversos modelos de financiamento para atender a demanda – como securitização de recebíveis e criação de fundos específicos. 

Já há conversas e propostas iniciais em discussão nessa linha com agentes de mercado.

Vencido o desafio da modelagem financeira, não faltará capital para investir em eficiência energética – bancos comerciais, de fomento e fundos de pensão estão à busca de boas oportunidades. 

Isso sem falar nos US$ 100 bilhões por ano que serão disponibilizados pelos países desenvolvidos, no âmbito do Acordo de Paris, para aplicar em ações nos países em desenvolvimento que ajudem a mitigar os efeitos da sociedade sobre o clima. 

Neste quadro, a meta de ampliação de 10% de eficiência energética, que hoje é desafiadora, poderá ser facilmente superada.

Aproximar a eficiência energética do mercado financeiro ajudará fortemente o Brasil a cumprir os objetivos assumidos na CoP-21 e a reverter a tendência estrutural de nossa matriz. 

Temos hoje no país a oportunidade única de desenvolvimento de um novo mercado que trará enormes benefícios ambientais e de competitividade. 

Como nos projetos de eficiência energética, o ganho futuro é claro, basta que façamos o investimento necessário agora.

* Cristiano Prado, mestre em economia pela PUC-RJ, é diretor executivo da ABCE (Associação Brasileira de Consultores de Engenharia).


Fonte: Energia SP.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Copel disponibiliza R$ 16 milhões para projetos de eficiência energética



A Copel recebe até o dia 7 de novembro as inscrições no edital de chamada pública para projetos que promovam a eficiência energética e o combate ao desperdício de energia. 

Destinada a consumidores de todas as localidades atendidas pela concessionária, a iniciativa disponibilizará R$ 16 milhões para a implementação das propostas selecionadas.

A chamada requer um diagnóstico que descreva os resultados previstos com a substituição de equipamentos, comparando o desempenho do conjunto atual com aquele que se pretende instalar com a execução do projeto. 

A relação entre custo e benefício é o principal fator que determina a classificação das propostas, em dois grupos conforme as categorias determinadas pela Aneel: 

serão R$ 9 milhões destinados à melhoria de instalações industriais e em condomínios residenciais, 
e outros R$ 7 milhões para projetos de comércio e serviços, poder público, rural, serviços públicos e iluminação pública.

Podem participar da chamada pública consumidores que exercem atividades com fins lucrativos – a quem os recursos são concedidos em caráter de financiamento – e também sem fins lucrativos, que recebem os valores a fundo perdido.

EDITAL - O edital PEE 001/2016 integra o Programa de Eficiência Energética (PEE) da Copel, e pode ser acessado na página www.copel.com

A empresa disponibiliza um manual para elaboração de propostas e a relação dos esclarecimentos já prestados às pessoas interessadas. 

Os investimentos nesta área atendem à Lei 9.991/2000, que determina a destinação de uma parte da Receita Operacional Líquida (ROL) das distribuidoras de energia elétrica a projetos que tornem o consumo final mais eficiente.

Saiba mais sobre o trabalho do Governo do Estado em:

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Consumidor livre de energia já economizou R$ 43 bi nos últimos 13 anos, diz Abraceel


O mercado livre de energia tem apresentado expressivo crescimento desde o segundo semestre de 2015. Em 2016, o mercado continua aquecido sendo marcado por uma intensa migração de consumidores para o ambiente livre de contratação. 

Dados apresentados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicam um crescimento de mais de 350% em adesões ao ambiente livre. 

Isso porque as altas tarifas praticadas no mercado cativo evidenciaram os benefícios que o ACL oferece ao consumidor como previsibilidade de custos com a contratação de energia a longo prazo e facilidade de negociação de preços.


Se comparado ao consumidor cativo, de acordo com a Abraceel, nos últimos 13 anos o consumidor livre de energia já economizou cerca de R$ 43 bilhões, o que representa uma economia média de 18%. 

De acordo com a Tradener, uma das maiores comercializadoras independentes de energia elétrica e gás natural do país, o mercado livre pode oferecer até 30% de redução nos gastos com energia elétrica, dependendo do momento da contratação.

– Não estar no mercado livre representa estar perdendo espaço para concorrentes. 
Migração para o ambiente livre representa sobrevivência no presente e passado para otimização no futuro – afirma Walfrido Avila, presidente da Tradener.

De acordo com o executivo, entre os benefícios deste mercado ao consumidor estão a capacidade de administrar despesas com energia, redução significativa nas despesas e facilidade de negociação de preços. 

Além disso, o consumidor não é impactado por uma possível explosão tarifária cativa que eleve seus custos com energia já que a contratação no ambiente livre é a longo prazo.
Apesar de os preços praticados no ambiente livre estarem em curva de subida, ainda é um bom momento para o consumidor migrar.

– Observamos que o preço continua subindo no mercado livre, em função da expectativa de preços maiores no mercado de curto prazo pelo retorno no aumento de carga e redução da hidraulicidade no sistema interligado. Mas, ainda sim, o consumidor que está migrando agora continua com ganhos significativos – finaliza Avila.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O Diagnóstico de Eficiência Energética e a importância para a sua Empresa!



O Diagnóstico consiste numa visita à Empresa, geralmente de 01 dia, realizada por um Profissional especializado em Eficiência Energética, que efetuará um levantamento de toda a Estrutura Elétrica existente (conforne alguns ítens abaixo citados): 


Serão realizadas análises específicas - instalações elétricas, qualidade da energia, análise de bancos capacitivos, fator de potência, conformidade das instalações – NR-10, etc.


Comparativo de custos com o gasto de demanda e energia no horário de ponta em comparação com um possível investimento num sistema de geração própria total ou parcial (setorizada), levando em consideração os custos com os investimentos necessários em um sistema de geração e sua amortização;


Modalidade Tarifária - estaremos verificando se a modalidade de tarifa utilizada é a que traz melhores resultados financeiros em função do comportamento de carga;


E posteriormente forneceremos um diagnóstico detalhado com sugestões de ações a serem realizadas pela Empresa com o intuito de se Economizar Energia. 


- Tais sugestões vão desde a adequação da modalidade; 
-correção dos pontos apontados na termografia, 
-correção do fator de potência, 
-aquisição de lâmpadas LED (num comparativo – custo/benefício em relação as utilizadas atualmente na empresa), 
-adoção de Energias Alternativas – solar fotovoltaica ou eólica, dentre outras soluções;
-verificação de motores, troca por motores novos com melhor qualidade, maior rendimento, menor consumo de energia;


O que deve se levar em conta é que muitas vezes com a adoção de uma ou mais destas medidas a empresa já consegue visualizar sua economia logo nos meses subsequentes;


Para mais informações, solicitação de orçamentos entre em contato conosco: 

E-mail: reativaengenharia@hotmail.com 

Cel. ou nos envie um Whats - PR - 42-9944-8892 - SP - 11-96182-0035


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Projeto de agência da ONU sobre eficiência energética participa de evento na Habitat III

A iniciativa brasileira Projeto 3E (Eficiência Energética em Edificações), parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Fundo Mundial para o Ambiente (GEF, na sigla em inglês), participa de um dos eventos paralelos da conferência da ONU sobre habitação e desenvolvimento urbano sustentável, Habitat III, que ocorre em Quito, no Equador, até quinta-feira (20).


Projetos otimizam eficiência energética de edifícios. 

Foto: EBC

A iniciativa brasileira Projeto 3E (Eficiência Energética em Edificações), parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Fundo Mundial para o Ambiente (GEF, na sigla em inglês), participa de um dos eventos paralelos da conferência da ONU sobre habitação e desenvolvimento urbano sustentável, Habitat III, que ocorre em Quito, no Equador, até quinta-feira (20).

O projeto será apresentado durante o evento paralelo “Urban Future”, que tem como foco apresentar iniciativas inovadoras para as cidades inteligentes do futuro.

“A questão urbana é tão ampla, e acho que podemos fazer a diferença ao levar a discussão sobre eficiência energética para a questão das cidades inteligentes”, disse a assessora técnica da iniciativa, Ludmilla Diniz.

A conferência terá a participação de todos os Estados-Membros e partes interessadas, incluindo os parlamentares, organizações da sociedade civil, governos regionais e locais e representantes municipais, profissionais e pesquisadores, além de instituições acadêmicas, fundações, grupos de mulheres e de juventude, entre outros.

A Habitat III é a primeira cúpula das Nações Unidas depois da aprovação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 

Ela oferece a oportunidade de discutir o importante desafio de planejar e gerenciar as cidades para que cumpram sua função de vetores do desenvolvimento sustentável.

“Queremos falar sobre como trazer o conceito de cidades inteligentes para os países em desenvolvimento. Acho que vamos poder trocar experiências, trazer projetos que estão espalhados no mundo inteiro”, disse Ludmilla.

A metade da humanidade, 3,5 bilhões de pessoas, vive hoje nas cidades. Em 2030, quase 60% da população mundial viverá em zonas urbanas e 95% da expansão urbana das próximas décadas ocorrerá nos países em desenvolvimento.

Segundo a ONU, 828 milhões de pessoas vivem em bairros marginais, enquanto as cidades ocupam apenas 3% do planeta, mas representam de 60% a 80% do consumo de energia e 75% das emissões de carbono.

A rápida urbanização está exercendo pressão sobre o abastecimento das águas doce, residuais, do meio de vida e da saúde pública. 

Mas a densidade relativamente alta das cidades pode atingir um aumento da eficiência e de inovação tecnológica, e ao mesmo tempo reduzir o consumo de recursos e de energia, de acordo com o PNUD.

Fonte: www.nacoesunidas.org

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A energia solar como solução para a questão energética

Por Rafael Amaral Shayani (*)


A humanidade caminha, indubitavelmente, em direção à unidade mundial, galvanizando cada vez mais o entendimento de que a Terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos. 

Muitas decisões tomadas por uma nação impactam todo o globo, principalmente em questões fundamentais como preservação do meio ambiente e combate às mudanças climáticas, fatores estes diretamente relacionados com a geração de eletricidade.

O paradigma que norteou o setor elétrico brasileiro nas últimas décadas foi o de segurança energética aliado à modicidade tarifária. 

Estes objetivos são importantes e legítimos: o aumento constante da oferta de energia propiciou a infraestrutura necessária para o crescimento econômico, e os preços módicos permitiram que as pessoas pudessem aumentar o seu consumo de energia, obtendo assim maior qualidade de vida, sem onerar demasiadamente o orçamento doméstico.

Entretanto, ao considerar a questão ambiental, o modelo energético atual, baseado no aumento do consumo de combustíveis fósseis, necessita ser revisto. 

A modicidade tarifária não é verdadeiramente atendida, visto que um elevado custo ambiental, o qual não está sendo contabilizado agora, será cobrado da humanidade no futuro com pesados juros.

Soluções inovadoras devem ser adotadas. 

É nesse contexto que a energia solar fotovoltaica, utilizada na forma de geração distribuída, apresenta-se como uma resposta que permitirá conciliar o crescimento energético com crescimento econômico, preservação do meio ambiente e combate às mudanças climáticas.

Entretanto, a visão conservadora tende a repetir as soluções do passado ao invés de utilizar as novas opções que estão à disposição. 

Os Planos Nacionais de Energia insistem na necessidade de grandes hidrelétricas, tais como Belo Monte e Tapajós, juntamente com o aumento da participação das termelétricas, enquanto a energia solar fotovoltaica crescerá de forma muito modesta, mesmo com a previsão de redução expressiva de seu custo.

Uma humanidade mais madura, que se preocupa tanto com o presente quanto com o futuro, deve considerar os custos diretos da geração de eletricidade e também as externalidades e suas implicações futuras. 

Qual é o benefício para o governo e para a sociedade se a energia for produzida em harmonia com o meio ambiente?

Estes custos evitados devem ser contabilizados e os valores economizados devem ser reaplicados visando estimular ainda mais o uso da energia solar fotovoltaica, criando assim um círculo virtuoso, transformando em realidade o seu potencial e sua vocação para ser a principal fonte energética, tanto do Brasil quanto do mundo. 

Este deve ser o foco da política energética, investindo um pouco mais agora para evitar pagar muito no futuro.

Conforme dito por Bahá’u’lláh (1817 - 1892) “fomos criados para levar avante uma civilização em constante evolução”; 

a evolução energética é o passo que se apresenta como iminente ao Brasil e à sociedade mundial; o conservadorismo energético fóssil deve, então, dar lugar à inovação solar.

(*) Rafael Amaral Shayani é professor do Departamento de Engenharia Elétrica, da Universidade de Brasília. Graduado em Engenharia Elétrica.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Empresa belga usa estantes e luz LED e cria 'fazenda vertical' futurista

  • Divulgação/Urban Crops/Facebook
Waregem, Bélgica, 9 Out 2016 (AFP) - Um halo de luz violeta banha dezenas de alfaces espalhadas em estantes em uma "fazenda vertical" no oeste da Bélgica. 

Essa é uma solução para, no futuro, alimentar a humanidade em climas hostis e nos momentos de perda de terra cultiváveis.

"Só tentamos imitar a natureza, não é tão futurista quanto pensam", afirma Maarten Vandecruys, que fundou, em 2014, a Urban Crops, uma empresa belga especializada no cultivo interno com sistema iluminação LED.

Vandecruys se orgulha de seu sistema completamente automatizado desenvolvido em Waregem, onde centenas de diodos LED, parecidos com os que começaram a substituir as tradicionais lâmpadas incandescentes nas casas, favorecem o bom desenvolvimento de alfaces e rúculas.

No laboratório da Urban Crops, as plantas germinam em um substrato neutro e sem terra, já que ela as exporia a doenças vinculadas aos animais e a outros fatores externos.

Posteriormente, uma fita transportadora as conduz a um espaço fechado, onde as plantas crescem sob a luz violeta de lâmpadas LED em um ambiente completamente controlado, e alimentadas por um sistema hidropônico, de água misturada com a receita ideal de sais minerais e nutrientes essenciais. E sem pesticidas.

Essa luz violeta, nascida da aliança dos LED vermelhos e azuis, ajuda no bom desenvolvimento dos vegetais, com a vantagem de que não produz calor, razão pela qual os diodos podem se situar a poucos centímetros das plantas. Isso também favorece a sucessão de andares de vegetais nas estantes.

'Apenas uma evolução'

O futuro da agricultura vertical passa por seu desenvolvimento industrial, defende Vandecruys, para quem isso é "apenas uma evolução" dos campos de estufas.
Graças ao seu sistema, 50 metros quadrados de superfície podem se transformar rapidamente em 500 metros quadrados exploráveis. A planta também cresce entre duas e três vezes mais rápido que no exterior.

A Urban Crops pode produzir em 30 metros quadrados de seu laboratório até 220 alfaces por dia, utilizando 5% do consumo de água da agricultura tradicional.

Para Samuel Collasse, professor e pesquisador no centro de pesquisa belga Carah, o conceito de agronomia urbana não é "no momento muito convincente" em países como França ou Bélgica, já que "a distância entre o campo e a cidade não é enorme". "Mas em Nova York há projetos que funcionam muito bem", afirma.

Para o pesquisador, as lâmpadas de sódio tradicionalmente utilizadas nas estufas ainda têm uma longa vida pela frente, apesar de um rendimento menor, devido ao seu preço entre duas ou três vezes mais baixo.

Uma fazenda na cozinha

Para Collasse, o sistema de Vandecruys tem possibilidades de desenvolvimento "em situações um pouco futuristas", tanto em ambientes climaticamente hostis quanto em missões militares, passando por campos de refugiados, graças a contêineres devidamente equipados.

A Urban Crops tem muitas ideias para a venda de infraestruturas, tanto a laboratórios farmacêuticos para plantas medicinais quanto a supermercados interessados em uma produção fresca sem gastos de transporte, passando por zonas remotas da Escandinávia, por exemplo.

Até o momento, os clientes estão, sobretudo, interessados em estruturas modestas, com o envolvimento de seres humanos. Por exemplo, um dono de restaurante de renome quer controlar o sabor de seus ingredientes, como o da rúcula deste laboratório, que "explode" na boca.

De fato, ajustando as diferentes variáveis, como a cor e a intensidade da luz, os nutrientes ou a temperatura, é possível modificar o tamanho ou a intensidade dos sabores.

E, diante de um público atraído pela produção local, também existem sistemas individuais de estantes com diodos, vendidas para cultivar nas cozinhas de particulares minitomates ou ervas aromáticas. O gigante sueco do mobiliário, Ikea, já se lançou nesta aventura.

Empresa belga usa estantes e luz LED e cria 'fazenda vertical' futurista

  • Divulgação/Urban Crops/Facebook
Waregem, Bélgica, 9 Out 2016 (AFP) - Um halo de luz violeta banha dezenas de alfaces espalhadas em estantes em uma "fazenda vertical" no oeste da Bélgica. 

Essa é uma solução para, no futuro, alimentar a humanidade em climas hostis e nos momentos de perda de terra cultiváveis.

"Só tentamos imitar a natureza, não é tão futurista quanto pensam", afirma Maarten Vandecruys, que fundou, em 2014, a Urban Crops, uma empresa belga especializada no cultivo interno com sistema iluminação LED.

Vandecruys se orgulha de seu sistema completamente automatizado desenvolvido em Waregem, onde centenas de diodos LED, parecidos com os que começaram a substituir as tradicionais lâmpadas incandescentes nas casas, favorecem o bom desenvolvimento de alfaces e rúculas.

No laboratório da Urban Crops, as plantas germinam em um substrato neutro e sem terra, já que ela as exporia a doenças vinculadas aos animais e a outros fatores externos.

Posteriormente, uma fita transportadora as conduz a um espaço fechado, onde as plantas crescem sob a luz violeta de lâmpadas LED em um ambiente completamente controlado, e alimentadas por um sistema hidropônico, de água misturada com a receita ideal de sais minerais e nutrientes essenciais. E sem pesticidas.

Essa luz violeta, nascida da aliança dos LED vermelhos e azuis, ajuda no bom desenvolvimento dos vegetais, com a vantagem de que não produz calor, razão pela qual os diodos podem se situar a poucos centímetros das plantas. Isso também favorece a sucessão de andares de vegetais nas estantes.

'Apenas uma evolução'

O futuro da agricultura vertical passa por seu desenvolvimento industrial, defende Vandecruys, para quem isso é "apenas uma evolução" dos campos de estufas.
Graças ao seu sistema, 50 metros quadrados de superfície podem se transformar rapidamente em 500 metros quadrados exploráveis. A planta também cresce entre duas e três vezes mais rápido que no exterior.

A Urban Crops pode produzir em 30 metros quadrados de seu laboratório até 220 alfaces por dia, utilizando 5% do consumo de água da agricultura tradicional.

Para Samuel Collasse, professor e pesquisador no centro de pesquisa belga Carah, o conceito de agronomia urbana não é "no momento muito convincente" em países como França ou Bélgica, já que "a distância entre o campo e a cidade não é enorme". "Mas em Nova York há projetos que funcionam muito bem", afirma.

Para o pesquisador, as lâmpadas de sódio tradicionalmente utilizadas nas estufas ainda têm uma longa vida pela frente, apesar de um rendimento menor, devido ao seu preço entre duas ou três vezes mais baixo.

Uma fazenda na cozinha

Para Collasse, o sistema de Vandecruys tem possibilidades de desenvolvimento "em situações um pouco futuristas", tanto em ambientes climaticamente hostis quanto em missões militares, passando por campos de refugiados, graças a contêineres devidamente equipados.

A Urban Crops tem muitas ideias para a venda de infraestruturas, tanto a laboratórios farmacêuticos para plantas medicinais quanto a supermercados interessados em uma produção fresca sem gastos de transporte, passando por zonas remotas da Escandinávia, por exemplo.

Até o momento, os clientes estão, sobretudo, interessados em estruturas modestas, com o envolvimento de seres humanos. Por exemplo, um dono de restaurante de renome quer controlar o sabor de seus ingredientes, como o da rúcula deste laboratório, que "explode" na boca.

De fato, ajustando as diferentes variáveis, como a cor e a intensidade da luz, os nutrientes ou a temperatura, é possível modificar o tamanho ou a intensidade dos sabores.

E, diante de um público atraído pela produção local, também existem sistemas individuais de estantes com diodos, vendidas para cultivar nas cozinhas de particulares minitomates ou ervas aromáticas. O gigante sueco do mobiliário, Ikea, já se lançou nesta aventura.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Mercado livre de Energia - Médios e grandes consumidores já podem comprar diretamente de quem gera

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br                                     


                                      Wesley Rodrigues/Hoje em Dia 
SATISFAÇÃO - Flávio Roscoe, da Colortêxtil: previsão de 
retorno do investimento realizado em quatro meses

Crise não combina com aumento do preço da energia. Mas é isso que acontece hoje. Com vendas e faturamento em queda em todos os setores, as empresas mineiras ainda enfrentam aumento de 60% no preço da energia somente em 2015.


Mas existe a alternativa da compra de energia diretamente da fonte, sem passar pelas distribuidoras, ainda pouco conhecida no mundo corporativo. Na compra direta, o preço é negociado diretamente com fornecedores, fugindo das tarifas estabelecidas pelo governo.

Segundo especialistas, o novo sistema pode gerar redução no preço entre 15% e 20%, que para uma cota média de energia de R$ 100 mil mensais significa uma economia ao ano de até R$ 240 mil.


Os “Consumidores Especiais”, como são chamados, devem consumir mensalmente entre 500 quilowatts (kW) e 3 megawatts (MW). Mas, para verificar que o sistema é vantajoso frente ao consumo, é necessário contratar um estudo de viabilidade econômico financeira.

“Normalmente, empresas com contas a partir de R$ 100 mil já se habilitam. Geralmente, um prédio comercial de 30 andares se enquadra. Um shopping também”, afirma o diretor-executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Junior.


Alteração

Ele explica que a migração é simples. Basta fazer a análise econômico financeira da alteração, notificar a distribuidora da mudança – a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), no caso dos mineiros – e trocar o medidor de energia. Segundo Kawai Junior, a análise econômico financeira é realizada por consultorias ou comercializadoras de energia.

O proprietário da Colortêxtil, fábrica de tecidos, e presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis, de Malhas de Minas Gerais (Sindimalhas), Flávio Roscoe, aderiu ao modelo especial há pouco tempo em uma de suas três fábricas. 

Após uma avaliação, ele não optou pelo preço mais baixo disponível, mas por aquele que permitia um volume de compra flexível. Na ponta do lápis, o resultado surpreendeu. 

Segundo o empresário, a redução mensal na conta de luz foi de, aproximadamente 16%. 

Como o medidor instalado fica por conta do interessado, há um custo. Mas o investimento, de acordo com ele, compensa.

“Em quatro meses, o que investi será pago e, a partir daí, a redução na conta de luz será real”, comemora. Na avaliação do proprietário da Colortêxtil, que possui duas unidades em Minas Gerais e uma no Nordeste, a possibilidade de escolher o fornecedor de energia dá fôlego às indústrias nacionais. 

No caso de Minas Gerais, em que o ICMS da energia é de 30% e é cobrado “por dentro”, se transformando em 42%, a economia costuma ser maior.


Incentivada

“A migração para este mercado é feroz. Além de reduzir a conta de luz eles incentivam a geração de novas fontes de energia”, ressalta o gerente de Gestão de Clientes do grupo Delta, Reinado Ribas.

Afinal, a energia comprada pelos consumidores especiais deve ser de fonte incentivada, como solar, eólica, biomassa e Pequena Central Hidrelétrica (PCH), por exemplo.

Potencial da compra direta representa 40% do consumo nacional de energia

O número de consumidores que poderiam se enquadrar na categoria de “especiais”, aqueles com contas superiores a R$ 100 mil, aproximadamente, registrou um salto superior a 60% em 2016. Em janeiro, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia (CCEE), eram 1.253 clientes. 

Em julho, subiram para 2.019.

Na CMU Comercializadora de Energia, o movimento foi ainda melhor. Conforme o proprietário da empresa, Walter Fróes, o número de clientes especiais conquistados em 2016 mais do que dobrou este ano. E, de acordo com ele, ainda há muito espaço para crescer.

“Muitas empresas que poderiam se encaixar como consumidores especiais, ou no mercado livre, não sabem disso. É um mercado muito novo. Hoje, 28% do mercado de energia é livre ou especial. 

Temos potencial para chegar a 40%”, diz Fróes. E, em Minas Gerais, o potencial é ainda maior do que no restante do país. O Estado, com grande vocação industrial, detém 12,3% do mercado de energia livre.

O especialista do setor destaca que no Mercado Livre o volume de energia contratada deve ser superior a 3 megawatts. 

Neste caso, entram grandes indústrias, grandes shoppings e outros. “Diferente dos consumidores especiais, que deve ser comprada de fonte incentivada, no mercado livre a energia contratada pode ser de qualquer tipo de energia”, explica. 

Por mês, cerca de 120 adesões do mercado livre são registradas na CCEE.